Qual é a sua fantasia? Ela te ajuda a realizar

Quando você ver uma mulher muito bem-sucedida, acredite: o começo dela nem sempre foi fácil. A Lucy perdeu a mãe para o câncer aos seis anos de idade, seu pai a abandonou, sendo criada com muito carinho pela avó, que era muito humilde.

Aos 14 anos, já teve que seguir seu caminho e começou a trabalhar em casa de família, mas nunca abandonou os estudos, pois sabia que isto é a única coisa que se leva da vida: conhecimento e aprendizado.

Trabalhou na área financeira em diversas empresas, seu primeiro emprego ao chegar em Boa Vista (RR) foi como garçonete em uma pizzaria, porém, incessantemente buscou o melhor para si capacitando-se profissionalmente. Sempre colocando Deus na frente de tudo.

No ano de 2013, o destino lhe pregou uma peça, descobriu que estava com câncer de intestino. Nesse tempo, ela já estava trabalhando na área financeira da Amascol - AMBEV e teve que se afastar no mês de agosto do corrente ano até abril do ano seguinte para fazer o tratamento. Esse foi um processo bem difícil de sua vida, mas com os bons amigos que tinha ao seu lado, junto com a fé que sempre teve em Deus, foi curada. 

Ela amava trabalhar na parte financeira, sempre gostou dos números, das contas, resolvendo coisas em Banco, esse era o seu mundo. De repente a vida parou. Fez seis meses de quimioterapia, foi um aprendizado muito grande enquanto ser humano, teve que viver aquela realidade dentro do Hospital Geral de Roraima (HGR), mas ela foi forte e venceu.  

Depois que ela voltou para a empresa, tinha que se ausentar de seis em seis meses para estar em médicos fazendo exames, mas quando trabalhava para os outros, honrava muito o trabalho, vestia a camisa como se fosse sua. 

Às vezes deixava de almoçar para cumprir seus compromissos, ficando até tarde na empresa, principalmente quando era começo de mês. Por sempre ter sido uma excelente funcionária, no momento em que mais precisou dos colegas de trabalho, eles estenderam-lhe a mão e não a abandonaram.

O que fez Lucy começar a trabalhar para si mesma foi o fato de ter que se ausentar para realizar o tratamento periodicamente.

Então quando a empresa foi vendida, todos os funcionários foram trocados pelo novo dono, incluindo toda a parte financeira.

Foi aí que pensou: não vou mais trabalhar para ninguém, e como sempre foi frequentadora de Sex Shop, decidiu: vou trabalhar com produtos eróticos, por que não?

Lucy então colocou alguns produtos em uma maletinha e, durante um ano, ia de estabelecimento em estabelecimento vendendo os sonhos que se realizam entre quatro paredes.  

Ela me disse que quando comprava produtos em Sex Shops, sempre indicava para as amigas porque gostava que elas também fizessem algo diferente para os parceiros delas, tal como ela fazia.

Mas tinham vergonha - aquilo era um tabu para elas - então pediam para Lucy comprar os produtos que queriam, dando-lhe o dinheiro. Às vezes as amigas até iam, mas tinha que ser com a Lucy. E ela aceitava o convite? Claro, meu bem!

Quando começou a ver que isso era um ramo bom, ela até cobrava uma taxinha para ser a acompanhante das amigas nos Sex Shops. (essa sabe empreender, viu?)

Seus produtos são os mesmos vendidos nos demais mercados de Sex Shop, mas o que torna tudo diferente é a forma em que o cliente é atendido e como o produto é mostrado. 

Ela "abre" a mente da pessoa e a faz imaginar como ela vai usar aquela peça, aquele gel, aquela algema... Isso faz com que o cliente queira experimentar imediatamente. Céus, essa mulher é um perigo! - adoro. 

Quando começou com a loja física, não foi com muitos produtos, como uma grande empresa, com uma grande estrutura - é claro, grandes empresas também enfrentam desafios -, mas quando decidiu que não queria mais vender na rua, procurou um ponto, onde funciona sua loja hoje.

Começou com o mínimo, mas foi crescendo e nunca ousou desanimar e nem achar que não daria certo. Ela lembra que, no início, contava nos dedos o que tinha dentro da loja, mas hoje não é mais possível. Lucy também é profundamente conhecedora de todos os produtos que comercializa em sua loja, isso a torna bem especial e diferenciada para seus clientes.

Ela faz o que faz porque ama trabalhar com produtos eróticos, sempre bate na tecla dizendo que não é vendedora, mas sim consultora.

"Sempre peço para o cliente dar uma ligadinha, mandar um whats aqui no número, mesmo que for pra crítica, dizer que não funcionou, que não gostou. Aqui estamos abertos para também receber críticas e não só elogios, mas graças a Deus, só tenho recebido elogios, digo sem soberba, por que Deus é maravilhoso".

Quando o cliente chega na loja meio envergonhado, nunca entrou no sex shop, Lucy logo quebra o gelo dizendo que ali não é lugar de vergonha. 

"Aqui é Sex Shop, não pode ter vergonha, tem que ser sem vergonha, rs" 

Então o cliente já sai do estabelecimento com a mente aberta e pronto para ousar sem medo. (Ui) 

Com a pandemia, tudo foi fechado por ordem da prefeitura por 15 dias, ela respeitou o decreto fechando a loja, mas os clientes não paravam de pedir os produtos, foi então que voltou para a loja e ela mesma entregava os produtos.

Quando não estava mais dando conta da demanda, ligou para sua funcionária e voltaram a trabalhar.

Não teve crise nenhuma, o mês dos namorados desse ano foi o mais abençoado desde a fundação da loja - poderosa é ela!

A pandemia só aumentou as vendas de produtos Sex Shop, talvez pelo fato das pessoas estarem muito tempo em casa, e também saírem da rotina, buscarem o novo, e o jogo virou. 

O que mais a deixa feliz é quando os clientes voltam à loja, saem satisfeitos, o casal sai olhando um para o outro e pensando: hoje tem, rs, ou manda um whats dizendo: meu parceiro (a) amou o produto, amei sua loja, seu atendimento, minha esposa adorou a fantasia.

Lucy diz que em seu Sex Shop o cliente já tem o remédio e a consulta grátis, isso é maravilhoso!

Para as mulheres que querem começar a empreender, Lucy aconselha que tenham foco no que querem de verdade, e se começar, termine! E jamais deixe se abater pelo que as pessoas falam, sempre haverá pessoas para nos colocar para baixo, mas jamais desista dos seus sonhos, pois tudo é passageiro, inclusive as dificuldades.

Empreender pra ela é: 

Tudo o que você faz, se você está passando um produto para alguém, está vendendo, seja um café da manhã até uma grande empresa, é empreender. Se você está vendendo o seu produto com carinho, se as pessoas estão gostando do teu trabalho e se você está passando o seu melhor para as pessoas, você está empreendendo. Empreender é fazer bem feito, de forma diferente, para que os clientes sempre queiram voltar!